A alta de quase 200% no preço do algodão em pluma nos últimos oito meses provocou o fechamento de 80 tecelagens (de um total de 200) e a demissão de mais de 2 mil pessoas em Jardim de Piranhas, município a 287 km de Natal. A alta também afetou outros municípios potiguares. Segundo Joilson Borges, presidente da Associação de Tecelagens do Seridó, “isso não ocorria há 140 anos”, quando faltou algodão e os preços dispararam. A atividade têxtil é a base da economia de Jardim de Piranhas. Antes da crise, o setor empregava até 4,5 mil pessoas.
O município, segundo Joilson, não foi capaz de absorver os funcionários demitidos, que estão ociosos, aguardando a reabertura das fábricas. “A cidade gira em torno da tecelagem. Não conheço nenhuma atividade que possa se igualar em números de empregos gerados”, afirma. O presidente da Associação espera que algumas fábricas reabram e voltem a readmitir já no segundo semestre com a provável queda nos preços, em decorrência da nova safra. “A alta do algodão desencadeou uma série de problemas em Jardim de Piranhas. A indústria perdeu seu poder aquisitivo, se descapitalizou e demitiu vários funcionários”, resume.
De acordo com José Rangel de Araújo, gestor do Arranjo Produtivo Local da Tecelagem do Seridó e consultor do Sebrae/RN, está faltando algodão no mercado mundial, o que elevou os preços e culminou com o fechamento de fábricas e a redução de postos de trabalho. “O fio, que antes custava R$4,30, agora está custando, em média, R$8,50 – quase o dobro. Este aumento não pôde ser repassado para o consumidor final. O preço do fio dobrou, mas o preço do pano de prato, por exemplo, não pôde subir nem 30%”, exemplifica.
Quem trabalha na indústria têxtil e tem como matéria-prima o tecido e não o fio também sentiu os efeitos da alta do algodão. O tecido já chega 30% mais caro nas indústrias, segundo José Rangel. “Quem trabalha com fio sentiu maior impacto do que quem trabalha com o tecido. No entanto, o preço do fio acabou repercutindo na cadeia como um todo”, afirma
Por Geraldo Oliveira
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