A memorável campanha política de 1960, foi organizada através dos Comitês Nacionalistas, também chamados de Comitês Populares ou Comitês de Rua. De janeiro a outubro, um importante trabalho de conscientização política havia frutificado: o povo de Natal, de forma consciente e participativa elegia em 03 de outubro de 1960, o primeiro prefeito pelo voto direto: Djalma Maranhão, com 21.942 votos (66%).
Acampamento da Campanha
Um mês antes das eleições, os duzentos e quarenta Comitês constituídos se reuniram, setorialmente, em Convenções de Bairros, onde discutiram e aprovaram o programa político-administrativo do futuro prefeito, que tomou posse em 05 de novembro de 1960. A principal reivindicação: erradicar o analfabetismo em Natal. Defensor da participação popular em todas as esferas da política, Djalma Maranhão atende de imediato, com criatividade e inovação, a solicitação dos Comitês Nacionalistas.
Sem dinheiro para a construção de prédios escolares, a Prefeitura apelou para a população: onde fosse cedida, gratuitamente, sem cobrança de aluguel, uma sala, seria instalada uma “Escolinha”. Sindicatos, sociedades beneficentes, sedes de clubes de futebol, cinemas de bairros, igrejas de todos os credos, residências particulares, abriram as suas portas. Era o início da Campanha de Educação Popular. Foram instaladas cerca de trezentas “Escolinhas”, que foi a primeira das oito fases da Campanha.
A necessidade de atacar o analfabetismo nas áreas mais densamente povoadas era um desafio a ser vencido. Numa reunião, início de fevereiro de 1961, no Comitê Nacionalista das Rocas, em uma das salas do grupo escolar do professor Acrísio Freire, hoje Escola Estadual Isabel Gondim, todos que ali estavam queriam acabar com o analfabetismo. Mas como, se não havia recursos financeiros? Foi quando surgiu a idéia de se fazer uma escola de palha de coqueiro.
Em 23 de fevereiro de 1961, tinha início um Movimento Educacional que, mais tarde, seria batizado de Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Esta segunda fase é a escola sem paredes, coberta de palha de coqueiro e o piso de barro batido. Era a primeira experiência em grande escala da Escola Ecológica.
Em 1961, construíram-se dois Acampamentos ou Pavilhões: o do bairro das Rocas e do Carrasco. Em 1962, mais sete, situados nos bairros periféricos das Quintas, Conceição, Granja, Nova Descoberta, Nordeste, Aparecida e Igapó, totalizando nove, que cobriam os limites da cidade. A criança pobre não tinha necessidade de deslocar-se para uma região distante de sua residência. E o mais importante, não exigia uniforme nem sapato para aqueles que a frequentavam.
Um Acampamento Escolar era integrado por cinco galpões de 30m x 8m, com quatro salas de aula cada um, em forma retangular e um galpão circular destinado à recreação dos alunos; reuniões de círculos de pais e professores; festividades do bairro, servindo ainda como uma espécie de “teatro de arena”, para exibições de autos folclóricos. Cada Acampamento tinha uma biblioteca à disposição de alunos e professores. Completavam a paisagem do local, hortas e aviários, cuja produção era consumida pelos alunos na merenda diária e parque de recreação, fatores importantes de neutralização da evasão escolar. As únicas dependências construídas em alvenaria eram uma pequena sala, que funcionava como diretoria; secretaria; almoxarifado; local de guarda de caixas da biblioteca e da merenda escolar e os sanitários.
No início de 1962 tem início a terceira fase: alfabetizar de casa em casa os adultos, que tinham resistência de ir à escola. Uma equipe, previamente treinada, de estudantes secundaristas: os professores-meninos-voluntários, entram em cena. Faixas foram colocadas nas diversas ruas do bairro das Rocas, como por exemplo - “Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler”: nesta rua restam somente 20 analfabetos. Ajude o Prefeito Djalma Maranhão a combater o analfabetismo. Foi inevitável a emulação de uma rua contra outra rua. A disputa agora é por quem irá ter o direito de inaugurar primeiro, uma placa, dizendo: “Nesta rua não existe nenhum analfabeto”.
A quarta fase - dezembro de 1962: criação do Centro de Formação de Professores (CFP), que através de cursos oferecidos dentro das exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e legalizado através do Conselho Estadual de Educação, preparava jovens para atender a grande demanda educacional.
- Em 11 de fevereiro de 1963 foi instalada a quinta fase – “De Pé no Chão Também se Aprende uma Profissão”. Destinava a dar ao jovem, ao homem alfabetizado e às mulheres, através de quase trinta Cursos de Aprendizes, os instrumentos profissionais para uma mão de obra especializada.
- A sexta fase – A Cartilha de Alfabetização de Adultos, lançada em abril de 1963: o livro de uma escola democrática. Cerca de cinco mil adultos foram matriculados. A grande maioria era constituída de pais das crianças que estudavam nos nove Acampamentos espalhados pela cidade. A Cartilha de Pé no Chão,foi uma adaptação do “Livro de leitura para adultos”, do Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), através do Método Paulo Freire.
A sétima fase – A interiorização da Campanha. Consolidada em Natal, ampliava seus espaços para o interior do Estado: várias prefeituras solicitaram bolsas de estudo para professores primários municipais, no Centro de Formação de Professores, assim como a devida assistência pedagógica.O idealismo e a seriedade da Campanha fizeram com que gestores públicos de todas as regiões do país solicitassem informações a respeito do mais autêntico Movimento de Educação Popular do Brasil.
Oitava fase – A escola brasileira com dinheiro brasileiro. Era a época da “Aliança para o Progresso”, programa norte americano com transferência maciça de financiamentos a administrações que compactuavam com essa ingerência estrangeira. Contrapondo-se a esta interferência, Djalma Maranhão continuava na sua obstinada luta de construir Escolas com Dinheiro Brasileiro. Toda quarta-feira inaugurava uma Escola, transformando-se numa festa, com exibições de autos populares e folclóricos, principalmente de bambelô e discursos políticos das lideranças locais.
Ao ser destruída pelo Golpe Militar, em abril de 1964, a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler já tinha alfabetizado vinte e cinco mil crianças somente em Natal.
Sem dinheiro para a construção de prédios escolares, a Prefeitura apelou para a população: onde fosse cedida, gratuitamente, sem cobrança de aluguel, uma sala, seria instalada uma “Escolinha”. Sindicatos, sociedades beneficentes, sedes de clubes de futebol, cinemas de bairros, igrejas de todos os credos, residências particulares, abriram as suas portas. Era o início da Campanha de Educação Popular. Foram instaladas cerca de trezentas “Escolinhas”, que foi a primeira das oito fases da Campanha.
A necessidade de atacar o analfabetismo nas áreas mais densamente povoadas era um desafio a ser vencido. Numa reunião, início de fevereiro de 1961, no Comitê Nacionalista das Rocas, em uma das salas do grupo escolar do professor Acrísio Freire, hoje Escola Estadual Isabel Gondim, todos que ali estavam queriam acabar com o analfabetismo. Mas como, se não havia recursos financeiros? Foi quando surgiu a idéia de se fazer uma escola de palha de coqueiro.
Em 23 de fevereiro de 1961, tinha início um Movimento Educacional que, mais tarde, seria batizado de Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Esta segunda fase é a escola sem paredes, coberta de palha de coqueiro e o piso de barro batido. Era a primeira experiência em grande escala da Escola Ecológica.
Em 1961, construíram-se dois Acampamentos ou Pavilhões: o do bairro das Rocas e do Carrasco. Em 1962, mais sete, situados nos bairros periféricos das Quintas, Conceição, Granja, Nova Descoberta, Nordeste, Aparecida e Igapó, totalizando nove, que cobriam os limites da cidade. A criança pobre não tinha necessidade de deslocar-se para uma região distante de sua residência. E o mais importante, não exigia uniforme nem sapato para aqueles que a frequentavam.
Um Acampamento Escolar era integrado por cinco galpões de 30m x 8m, com quatro salas de aula cada um, em forma retangular e um galpão circular destinado à recreação dos alunos; reuniões de círculos de pais e professores; festividades do bairro, servindo ainda como uma espécie de “teatro de arena”, para exibições de autos folclóricos. Cada Acampamento tinha uma biblioteca à disposição de alunos e professores. Completavam a paisagem do local, hortas e aviários, cuja produção era consumida pelos alunos na merenda diária e parque de recreação, fatores importantes de neutralização da evasão escolar. As únicas dependências construídas em alvenaria eram uma pequena sala, que funcionava como diretoria; secretaria; almoxarifado; local de guarda de caixas da biblioteca e da merenda escolar e os sanitários.
No início de 1962 tem início a terceira fase: alfabetizar de casa em casa os adultos, que tinham resistência de ir à escola. Uma equipe, previamente treinada, de estudantes secundaristas: os professores-meninos-voluntários, entram em cena. Faixas foram colocadas nas diversas ruas do bairro das Rocas, como por exemplo - “Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler”: nesta rua restam somente 20 analfabetos. Ajude o Prefeito Djalma Maranhão a combater o analfabetismo. Foi inevitável a emulação de uma rua contra outra rua. A disputa agora é por quem irá ter o direito de inaugurar primeiro, uma placa, dizendo: “Nesta rua não existe nenhum analfabeto”.
A quarta fase - dezembro de 1962: criação do Centro de Formação de Professores (CFP), que através de cursos oferecidos dentro das exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e legalizado através do Conselho Estadual de Educação, preparava jovens para atender a grande demanda educacional.
- Em 11 de fevereiro de 1963 foi instalada a quinta fase – “De Pé no Chão Também se Aprende uma Profissão”. Destinava a dar ao jovem, ao homem alfabetizado e às mulheres, através de quase trinta Cursos de Aprendizes, os instrumentos profissionais para uma mão de obra especializada.
- A sexta fase – A Cartilha de Alfabetização de Adultos, lançada em abril de 1963: o livro de uma escola democrática. Cerca de cinco mil adultos foram matriculados. A grande maioria era constituída de pais das crianças que estudavam nos nove Acampamentos espalhados pela cidade. A Cartilha de Pé no Chão,foi uma adaptação do “Livro de leitura para adultos”, do Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), através do Método Paulo Freire.
A sétima fase – A interiorização da Campanha. Consolidada em Natal, ampliava seus espaços para o interior do Estado: várias prefeituras solicitaram bolsas de estudo para professores primários municipais, no Centro de Formação de Professores, assim como a devida assistência pedagógica.O idealismo e a seriedade da Campanha fizeram com que gestores públicos de todas as regiões do país solicitassem informações a respeito do mais autêntico Movimento de Educação Popular do Brasil.
Oitava fase – A escola brasileira com dinheiro brasileiro. Era a época da “Aliança para o Progresso”, programa norte americano com transferência maciça de financiamentos a administrações que compactuavam com essa ingerência estrangeira. Contrapondo-se a esta interferência, Djalma Maranhão continuava na sua obstinada luta de construir Escolas com Dinheiro Brasileiro. Toda quarta-feira inaugurava uma Escola, transformando-se numa festa, com exibições de autos populares e folclóricos, principalmente de bambelô e discursos políticos das lideranças locais.
Ao ser destruída pelo Golpe Militar, em abril de 1964, a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler já tinha alfabetizado vinte e cinco mil crianças somente em Natal.
Alexandre de Albuquerque Maranhão - Historiador