O direito à informação é uma das liberdades fundamentais de todo ser humano. Desse princípio decorre o direito do público de conhecer fatos e opiniões, em particular os acontecimentos que lhe afetam diretamente a vida, que têm efeitos políticos, econômicos e sociais, que legitima democracia na sociedade e, do qual, decorrem os deveres do Estado. Por Jana Sá*
No entanto, faça o que eu digo, mas não o que faço deveria ser o lema daqueles intitulados guardiões dos cidadãos. As suas pregações são uma inversão, em toda linha, da práxis da atividade. Todos os princípios, todos os valores, todos os ideais cultivados e pregados ao longo dos tempos são, sem hesitação nem dores de consciência, postos por terra quando observado a sua aplicabilidade. Democracia, direitos humanos são instrumentos de barganha, recurso de propaganda.
Uma tentativa de apagar os vestígios que as classes populares e os opositores vão deixando ao longo de suas experiências de resistência e de luta, num esforço contínuo de exclusão da atuação desses sujeitos na história.
Faz-se necessário, então, como afirma Marilena Chauí citada no livro Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964 “desvendarmos o modo como o vencedor tem, ao longo dos tempos, produzido a representação de sua vitória e, sobretudo, como a prática dos vencidos participou desta construção”.
Tal é o caso da Guerrilha do Araguaia, cujo percurso é tão sinuoso quanto o do rio que lhe empresta o nome. Movimento guerrilheiro de contestação política ao Regime Militar, concebido, planejado, organizado e dirigido pelo Partido Comunista do Brasil, entre os anos de 1966 e 1975, no sul do Pará, a Guerrilha é hoje evocada sempre que se trata de passar a limpo a história do país e iluminar os porões do Regime Militar.
Em três décadas, a Guerrilha do Araguaia foi indexada em milhões de páginas por inúmeras reportagens, estudos, pesquisas e, a cada ano, novas revelações incrementam a curiosidade persistente em torno do tema. Informações que não revelam todas as verdades sobre o movimento, já que para isso seria necessário a abertura dos arquivos do Exército, mas que atestam a derrota mais profunda da história oficial que, em mais de 500 anos da formação do povo brasileiro, tratou de obscurecer incontáveis lutas, menosprezadas como episódios sem significação que firmariam a passividade como conceito diante da tirania e da desigualdade.
Assim, o discurso sobre o movimento que a princípio foi formalmente proibido, mais tarde esquecido ou banalizado como apenas mais um exemplo daquilo que seria a vocação para o fracasso da esquerda brasileira, ressurge agora sob nova perspectiva. Novas descobertas e fatos, como a chacina de 17 castanheiros e a recente prisão do Major Curió durante uma operação de busca e apreensão a documentos da ditadura, situa-o como movimento incontestável.
Passados 39 anos da eclosão da Guerrilha, uma homenagem aos resistentes, democratas e patriotas, em especial ao meu pai, Glênio Sá, que corajosamente viveram a energia utópica de seu tempo e que compõem o seleto rol dos agentes ativos da construção do sistema de liberdades vigente.
O regime do medo que sustentava o passado não pode servir de desculpa no presente democrático, que as novas gerações, então, não esqueçam que a luta pela democracia e pela liberdade é o que fortalece a sociedade.
Uma tentativa de apagar os vestígios que as classes populares e os opositores vão deixando ao longo de suas experiências de resistência e de luta, num esforço contínuo de exclusão da atuação desses sujeitos na história.
Faz-se necessário, então, como afirma Marilena Chauí citada no livro Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964 “desvendarmos o modo como o vencedor tem, ao longo dos tempos, produzido a representação de sua vitória e, sobretudo, como a prática dos vencidos participou desta construção”.
Tal é o caso da Guerrilha do Araguaia, cujo percurso é tão sinuoso quanto o do rio que lhe empresta o nome. Movimento guerrilheiro de contestação política ao Regime Militar, concebido, planejado, organizado e dirigido pelo Partido Comunista do Brasil, entre os anos de 1966 e 1975, no sul do Pará, a Guerrilha é hoje evocada sempre que se trata de passar a limpo a história do país e iluminar os porões do Regime Militar.
Em três décadas, a Guerrilha do Araguaia foi indexada em milhões de páginas por inúmeras reportagens, estudos, pesquisas e, a cada ano, novas revelações incrementam a curiosidade persistente em torno do tema. Informações que não revelam todas as verdades sobre o movimento, já que para isso seria necessário a abertura dos arquivos do Exército, mas que atestam a derrota mais profunda da história oficial que, em mais de 500 anos da formação do povo brasileiro, tratou de obscurecer incontáveis lutas, menosprezadas como episódios sem significação que firmariam a passividade como conceito diante da tirania e da desigualdade.
Assim, o discurso sobre o movimento que a princípio foi formalmente proibido, mais tarde esquecido ou banalizado como apenas mais um exemplo daquilo que seria a vocação para o fracasso da esquerda brasileira, ressurge agora sob nova perspectiva. Novas descobertas e fatos, como a chacina de 17 castanheiros e a recente prisão do Major Curió durante uma operação de busca e apreensão a documentos da ditadura, situa-o como movimento incontestável.
Passados 39 anos da eclosão da Guerrilha, uma homenagem aos resistentes, democratas e patriotas, em especial ao meu pai, Glênio Sá, que corajosamente viveram a energia utópica de seu tempo e que compõem o seleto rol dos agentes ativos da construção do sistema de liberdades vigente.
O regime do medo que sustentava o passado não pode servir de desculpa no presente democrático, que as novas gerações, então, não esqueçam que a luta pela democracia e pela liberdade é o que fortalece a sociedade.
Jana Sá
Jornalista
Filha do guerrilheiro Glênio Sá
Jornalista
Filha do guerrilheiro Glênio Sá
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