Ás vésperas do plebiscito sobre a divisão do Pará em três Estados, manifestantes favoráveis à criação do Estado de Tapajós bloquearam ontem o Rio Amazonas com dezenas de canoas, em frente ao porto de Santarém, impedindo o tráfego de navios carregados de bauxita.
Enfeitadas com bandeiras do movimento pró-Tapajós, as canoas com motor de popa - chamadas de "bajaras" na região - tentaram impedir a passagem de navios carregados de bauxita oriundos de Oriximiná, cidade localizada cerca de 200 quilômetros rio acima.
O município é sede da empresa Mineração Rio Norte. Segundo a assessoria de imprensa da frente pró-Tapajós, um navio conseguiu furar o bloqueio, mas outro ficou retido. A Capitania dos Portos em Santarém se mobilizou para evitar eventuais choques de embarcações durante o protesto.
Segundo os separatistas, o bloqueio da bauxita - minério utilizado na fabricação de alumínio - é uma forma de atacar simbolicamente o modelo econômico de exploração da região. Para os defensores de Tapajós, as riquezas provenientes da mineração não trazem benefícios para a população, a quem consideram "abandonada" pelo governo paraense.
A causa separatista conquistou a imensa maioria da população de Santarém e dos municípios vizinhos, e também a de Marabá e arredores, onde ficará sediado o Estado de Carajás, caso a divisão seja aprovada no plebiscito de amanhã.
Mas a possibilidade de isso acontecer é remota: pesquisas indicam que o "não" à separação é majoritário em Belém e nas grandes cidades da região metropolitana, onde se concentra a maioria do eleitorado.
Divisão
Pesquisa Datafolha divulgada ontem pela TV Liberal indica que é praticamente impossível a vitória dos separatistas no plebiscito de amanhã. Quase dois terços dos eleitores do Pará são contra a divisão do Estado.
Os resultados são semelhantes em relação à formação dos Estados de Tapajós, no oeste, e de Carajás, no Sul. Segundo a pesquisa, 64% rejeitam a criação de Tapajós e 32% são a favor da proposta. Em relação a Carajás, 65% são contrários e 31% favoráveis à criação do novo Estado.
Os números indicam que fracassou a campanha de televisão, comandada pelo marqueteiro Duda Mendonça, destinada principalmente a convencer os eleitores da região metropolitana de Belém de que a divisão seria "boa para todos", como dizia um dos slogans dos separatistas.
Na reta final da campanha, Duda centrou a estratégia em críticas ao governador Simão Jatene (PSDB). Ao personalizar nele a campanha do "não", o marqueteiro esperava ampliar a simpatia pelo "sim" na capital e arredores. O tucano chegou a ganhar direito de resposta na propaganda dos separatistas por causa das críticas.
O Datafolha ouviu 1.213 pessoas em 53 municípios do Pará entre os dias 6 e 8 deste mês. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 52.641/2011.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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